Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

BLOG SOBRATEMA

Publicado em 16 de novembro de 2023 por Mecânica de Comunicação

Resíduos de papel podem ser boa alternativa para compostagem

A matéria-prima usada na fabricação de papel é a celulose, cuja origem é a madeira ou sobras de papel reaproveitadas durante o processo de fabricação ou reutilizadas após consumo, ou também do uso de outros materiais de origem fibrosa.O papel cut-size ou sulfit utiliza em seu processo produtivo uma pasta a base de celulose retirada principalmente dos gêneros Pinus e Eucalyptus.

Essas duas espécies são ricas em nutrientes que podem permanecer mesmo que em quantidades menores no produto final. Após o uso é descartado, geralmente no lixo comum e destinado de forma incorreta em lixões ou incinerações caseiras. A reciclagem de papel enfrenta desafios relacionados à falta de um serviço eficiente de coleta seletiva. Como alternativa de reciclagem, a compostagem tem se mostrado como um processo eficiente para o retorno de nutrientes para o solo.

Em ambientes com pouco espaço e com grande circulação de pessoas, a compostagem em pilhas e com grande volume de material nitrogenado pode atrair vetores, liberar maus odores tornando assim um meio de contaminação do ambiente e alimentos ali servidos. A compostagem em vasos aparece então como uma alternativa para contornar essas limitações favorecendo um processo mais adequado e seguro.

Os resíduos de papel em branco e impressos por apresentarem origem celulósica, trazem uma composição rica em carbono e outros nutrientes que podem melhorar os atributos químicos e físicos do solo e consequentemente sua fertilidade. A utilização de sobras de papéis em branco quanto impresso para a produção de compostos orgânicos em misturas com esterco bovino pode ser uma alternativa para a disposição final desses resíduos no ambiente.

Os estercos bovinos e outros materiais de origem celulósica como a serragem apresentam uma maior relação C:N (Carbono:Nitrogênio), disponibilizando de forma mais lenta os nutrientes para as plantas. Ao serem aplicados ao solo, os compostos orgânicos devem passar pelo processo de mineralização para disponibilizarem os nutrientes.

A incorporação de adubos orgânicos gera melhorias nos atributos do solo que permitem uma redução da toxidez pela absorção equilibrada de nutrientes favorecendo uma resposta linear da cultura ao aumento de doses dos compostos orgânicos.

Os resíduos de papel podem ser uma boa alternativa na formação de compostos condicionadores de solo que podem ser usados em paisagismo ou em recuperação de áreas degradadas. Os compostos orgânicos produzidos com resíduos de papel em branco e impresso aumentam o pH e a CTC do solo quando incorporados por um período de até três meses. Essas características favorecem a indisponibilidade de metais potencialmente tóxicos para as plantas e sua possível complexação no solo.

No entanto, é importante observar que as tintas presentes no papel impresso podem gerar contaminações no solo causando danos ao ambiente ou disponibilizar para a planta metais tóxicos causando danos à saúde humana.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Uso de resíduos de papel em compostagem agrícola, defendida por Rejane Pereira de Souza, no Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação do professor Luiz Arnaldo Fernandes e coorientação do professor Regynaldo Arruda Sampaio.