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Publicado em 14 de março de 2024 por Mecânica de Comunicação

Sensores remotos são aliados no monitoramento de áreas florestais na Amazônia

A Amazônia é uma região abundante em recursos estratégicos: hospedando metade das espécies terrestres do planeta, com cerca de 40 mil espécies de plantas, contendo a maior bacia hidrográfica do mundo, e valioso estoque de minerais. No Brasil que compreende por volta de 60% da Bacia Amazônica, o bioma estende-se por 4,2 milhões de quilômetros quadrados (49% do território nacional).

A atividade de Manejo Florestal Sustentável busca a preservação dos recursos naturais, principalmente o recurso florestal que deverá estar disponível futuramente. Assim, os sensores remotos viabilizam aplicações de métodos de processamento digital, os quais os tornam instrumentos ideais na gestão de recursos naturais tropicais. As técnicas de sensoriamento remoto transformaram o mapeamento, avaliação e monitoramento das florestas, proporcionando estimativas precisas da sua extensão e condição em várias escalas, da local até a global. A detecção da exploração madeireira é uma tarefa complexa porque se trata de um padrão de uso da terra que resulta em um mosaico complexo de ambientes formados por diferentes tipos de materiais, com arranjo espacial variado.

A extensão, intensidade da exploração madeireira e o tempo após a exploração são os fatores de maior relevância para entender os efeitos diretos da retirada de madeira sobre a floresta, e a resposta das alterações da cobertura do dossel florestal e da infraestrutura de estradas e pátios de estocagem nas imagens de satélites. Os danos causados pela atividade madeireira podem ser identificados em até três anos ou menos por meio das imagens de satélite. Após a exploração florestal, nos primeiros anos, a estrutura da vegetação nos sítios explorados é inversa à estrutura da floresta original, ou seja, essas áreas apresentam um grande crescimento secundário nos estratos mais baixos e um dossel aberto. Por isso a detecção de florestas previamente cortadas há mais de um ano se torna bastante complexa.

A abertura no dossel causada pelo corte seletivo de árvores pode ser detectada em imagens LANDSAT utilizando técnicas de detecção e esta tarefa torna-se menos complexa quando a atividade de exploração madeireira é mais intensa, ou seja, maior número de árvores explorado.

Áreas de florestas sujeitas à extração seletiva também podem ser interpretadas em imagens de sensoriamento remoto apoiadas na observação das estradas e pátios que são claramente reconhecíveis nas imagens, enquanto que a degradação do estoque de carbono por incêndios florestais é mais difícil de identificar por meio das imagens de satélite. A exploração madeireira ocasiona marcas e características associadas a solo exposto, vegetação secundária, árvores mortas caídas e em pé, árvores danificadas, cicatriz de incêndio florestal, manchas florestais inalteradas, pátios de estocagem de madeira e trilhas de arraste.

Sistemas distintos de monitoramento foram elaborados com a intenção de mapear a extensão de áreas florestais degradadas na Amazônia, como o sistema de Detecção de Exploração Seletiva de Madeira (DETEX) o qual objetiva produzir mapeamentos de ocorrência de exploração seletiva de madeira nos Distritos Florestais Sustentáveis pertencentes ao Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Programa de Monitoramento da Degradação Florestal (DEGRAD) conferindo estimativas anuais de áreas degradadas na Amazônia, desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Foi desenvolvido pelo IMAZON - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia o Sistema de Alerta e Desmatamento (SAD), que utiliza técnicas para monitorar, quantificar e detectar a degradação e o desmatamento florestal, fornecendo estimativas mensais para a Amazônia.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Monitoramento da exploração florestal planejada com séries temporais LANDSAT no município de Paragominas, Pará, defendida por João Victor Paixão de Sousa Ferreira, no Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal Rural da Amazônia, sob orientação do professor Jose Natalino Macedo Silva.