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Publicado em 09 de agosto de 2019 por Mecânica de Comunicação

Recifes artificiais e material geotêxtil são usados contra erosão costeira

A urbanização acelerada e a especulação imobiliária em áreas litorâneas estão ligadas ao turismo e ao grande fluxo de pessoas, fatores que podem contribuir para alterações na paisagem natural e outros tipos de desequilíbrios ambientais. Nesse sentido, a erosão costeira é um dos problemas mais conhecidos. O fenômeno é caracterizado pela ruptura e dispersão de partículas de rocha e solo e, além das causas relativas à atividade humana, pode ser agravado por ações naturais, como tempestades e ressacas marinhas.  

Algumas cidades litorâneas ao redor do mundo enfrentam o problema e foram obrigadas a desenvolver diversas estratégias para conter os danos e riscos da erosão costeira. Atlantic City, município do estado norte-americano de Nova Jérsei, por exemplo, usou técnicas de geocontenção. Um grande tubo de material geotêxtil foi confeccionado e soterrado na praia, revertendo o processo erosivo e garantindo os mais de 45 m de praia entre o mar e o calçadão. O projeto em Atlantic City foi executado há mais de uma década e ainda hoje permanece em pleno funcionamento. Uma solução mais recente é baseada na construção dos chamados recifes artificiais multifuncionais. Nesse caso, uma estrutura é instalada sob as águas do mar com a função principal de barrar parte do volume da maré. A técnica foi usada em Narrowneck, Austrália, durante os anos 90. O recife artificial australiano é formado por 440 geocontentores preenchidos com areia, pesando entre 150 e 300 toneladas cada.  

De acordo com uma pesquisa acadêmica realizada na Praia Brava, Paraná, a técnica de recifes artificiais é ideal para a região brasileira, muito atingida pela erosão marinha. A conclusão feita pelos pesquisadores é baseada na comparação entre as condições climáticas de Praia Brava e Narrowneck, que são muito parecidas, e em simulações de ondas por meio de modelos matemáticos que reproduzem o comportamento marítimo da região brasileira estudada; observam também que na Austrália o método funciona de maneira promissora ao criar saliências (acúmulo de areia) que provocam o aumento da área de sedimentos da praia. Os pesquisadores também citam os custos vantajosos da solução proposta, o fato de contribuir para o aumento da biodiversidade e a qualidade de não representar poluição visual.   

O estudo completo é intitulado Erosão Costeira: Alternativas de Proteção e Proposta de Solução, de autoria de Luiz Fernando Freire com orientação de Tânia Lucia Miranda e aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia do Instituto de Engenharia da Paraná.