Publicado em 18 de setembro de 2025 por Mecânica de Comunicação
O desconhecimento sobre o custo ambiental embutido nos bens e serviços contribui para o consumo desenfreado, e consequentemente pressão sobre os recursos naturais e problemas ambientais. A exposição da cadeia de suprimentos que suportam a produção de bens e serviços revelada pelo método Pegada Ecológica contribui na conscientização e encorajamento da sociedade para a tomada de atitudes voltadas à promoção do consumo responsável.
A Pegada Ecológica (PE) é um termo usado para aferir o quanto a sociedade utiliza de recursos naturais para sustentar o seu estilo de vida. Ela parte do pressuposto de que todas as formas de apropriação de recursos naturais e processos produtivos deixam rastros (pegada) sobre o meio ambiente. A metodologia de PE estabelece a proporção entre as demandas humanas e a biocapacidade do planeta. Entende-se por biocapacidade a capacidade de uma determinada área em gerar recursos renováveis de forma contínua, e ainda absorver os resíduos produzidos pela sociedade durante um determinado período.
Na sua essência, a PE considera qualquer forma de intervenção humana como susceptível de provocar alterações na natureza, no entanto a sua análise é direcionada para aquelas atividades que demandam grandes quantidades de recursos naturais, e ainda provocam a poluição ambiental por conta dos processos de produção. Utiliza-se de ferramentas matemáticas para o cálculo da pegada ecológica.
De uma forma geral, a PE procura evidenciar o custo ambiental oculto por trás dos bens e serviços que consumimos no nosso cotidiano, através da apresentação da cadeia de suprimentos que corresponde os diferentes recursos envolvidos na produção. Portanto, a forma simples e linguagem acessível como descreve os fenômenos complexos das demandas humanas e seus impactos para o meio ambiente faz da PE um recurso metodológico bastante útil para a Educação Ambiental, no processo de conscientização sobre a imperiosidade de revisão dos padrões de consumo da sociedade, como forma de aliviar a pressão sobre os recursos naturais decorrente do consumo inconsequente.
Algumas práticas de cotidiano configuram-se insustentáveis, o que reforça a teoria segundo a qual, em fenômenos sociais não basta passar a informação, é preciso correlacionar com as práticas dos indivíduos para que os sujeitos possam apropriar-se dela e usa-la no seu cotidiano. Dentre as práticas insustentáveis, destacam-se a preferência pelos alimentos convencionais, falta de atenção na aquisição de eletrodomésticos de baixo consumo; banho demorado, falta de controle sobre a torneira quando estiver escovando os dentes e na lavagem da louça, a falta de preocupação em explorar a capacidade máxima da máquina de lavar roupa; desperdício de alimentos; ausência de práticas de separação de lixo doméstico e uso indiscrimado de sacolas plásticas e embalagens; preferência pelo uso de carro particular em detrimento do transporte público, que contribui para a redução da quantidade de veículos que emitem gases poluentes no meio ambiente.
Como ferramenta de avaliação, a PE mostra-se bastante interessante, na medida em que atesta o seu valor como método comparativo de fácil comunicação, posto que seja acessível para qualquer audiência. Adicionalmente, a sua acessibilidade se estende ainda por conta da sua ampla aplicabilidade, ou seja, pode ser utilizada para aferir o custo ambiental atinente as demandas do indivíduo, de uma família, de uma cidade, de uma região, de um país assim como da população mundial no geral. Além de consumos individuais, a PE vislumbra-se uma importante ferramenta para auxiliar iniciativas públicas e privadas na gestão das demandas pelos recursos.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Educação Ambiental para o consumo sustentável: uso da pegada ecológica como recurso didático, defendida por José Aurélio Manhiça, na Universidade Federal de Uberlândia, sob orientação da professora Adriane de Andrade Silva.
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