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Publicado em 13 de novembro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Vidro reciclado como agregado miúdo pode ser alternativa para pavimentação asfáltica

O uso de materiais reciclados na pavimentação é uma alternativa ambientalmente sustentável e economicamente viável. Entre os materiais reciclados, o RAP (Reclaimed Asphalt Pavement) é o mais amplamente estudado, obtido a partir da reciclagem do agregado de pavimentos antigos para uso em novas camadas pavimentares. Anualmente, milhões de toneladas de RAP são geradas, com uma significativa parte sendo utilizada em novos pavimentos.

No entanto, nem sempre é possível aumentar a capacidade de suporte de uma camada de base ou sub-base apenas com o agregado reciclado. Nesses casos, a adição de outros materiais à mistura é uma alternativa para estabilizar adequadamente a granulometria ou características químicas. Os materiais mais comumente utilizados para estabilização química possuem características aglomerantes, como cal hidratada ou cimento Portland, usados em camadas como solos-cal e solos-cimento.

Pesquisas demonstram que o vidro moído, sozinho ou em combinação com outros agregados naturais ou reciclados, pode ser efetivamente utilizado como uma subcamada de base em aplicações rodoviárias, bem como material de aterro e meios de drenagem em estradas. O vidro também pode ser empregado como um agregado fino em misturas de pavimentação asfáltica, comumente conhecidas como glassphalt.

O vidro moído em misturas asfálticas pode oferecer uma gama de benefícios físicos, como melhor desempenho mecânico, viável para uso rodoviário e aeroportuário, aumento na resistência à compressão não confinada, particularmente quando tempos de cura mais longos são incorporados, melhora na flexão em pavimentos, devido ao teor de sílica que fornecem, além de ser eficaz para pavimentação e estabilização do solo, oferecendo excelente resistência à fadiga e deformação, conforme a mistura utilizada.

O uso de materiais alternativos como vidro reciclado pode oferecer benefícios ambientais significativos, reduzindo a demanda por recursos finitos e diminuindo a geração de resíduos. No entanto, é importante considerar cuidadosamente os riscos associados ao uso de vidro reciclado que contém metais pesados, como lâmpadas fluorescentes e vidro de tubo de raios catódicos, que podem lixiviar para o solo, a água ou outras áreas, causando contaminação e possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. Para minimizar esses riscos, é necessário adotar medidas de controle, como evitar temperaturas extremas e usar cobertura total por asfalto diluído para encapsular completamente os materiais de vidro.

Dessa maneira, o uso de vidro moído como agregado miúdo em pavimentações asfálticas tem potencial para gerar benefícios econômicos, como a redução dos custos com matéria-prima e gestão de resíduos. No entanto, também há desafios e custos adicionais associados à sua implementação. Portanto, é importante avaliar cuidadosamente os aspectos econômicos, técnicos e ambientais antes de adotar essa prática em larga escala.

Além disso, é importante avaliar a relação entre a granulometria do vidro moído e o desempenho da mistura asfáltica, além de determinar as proporções ideais de substituição dos agregados convencionais por vidro moído para garantir a qualidade e a durabilidade do pavimento. Outro aspecto determinante é a padronização e a regulamentação do uso de vidro moído em pavimentações asfálticas. As agências reguladoras e os órgãos de normalização devem estabelecer diretrizes claras e padrões para o uso de vidro moído como agregado miúdo, garantindo a qualidade, a segurança e a durabilidade das misturas asfálticas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A utilização do vidro moído como agregado úmido em revestimentos asfálticos: uma revisão sistemática, defendida por Viviane Zório Peixoto, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS – Instituto de Física - INFI, sob orientação do professor Além-Mar Bernardes Gonçalves e coorientação do professor Daniel Anijar de Matos.