Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 10 de agosto de 2018 por Mecânica de Comunicação

Fórum mostrou cenários atuais da economia e da política para contribuir na retomada da infraestrutura brasileira

Iniciativa da revista Grandes Construções, contou com o apoio da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema)

Para apontar caminhos que busquem destravar os projetos de infraestrutura, o Fórum de Infraestrutura Grandes Construções 2018: “Por um novo projeto de Nação” reuniu executivos, consultores, administradores, entidades setorias, economistas, engenheiros, diretores, gerentes e profissionais atuantes nos setores de equipamentos, construção e saneamento para acompanhar as palestras ministradas por Emir Cadar Filho, presidente da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações de Classe de Infraestrutura (Brasinfra), pela jornalista e economista Denise Campos de Toledo e pelo jornalista e comentarista político Kennedy Alencar.

O evento, promovido no dia 9 de agosto, no Espaço APAS, em São Paulo, é uma iniciativa da revista Grandes Construções, com o apoio da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Na abertura do Fórum de Infraestrutura, o engenheiro Afonso Mamede, presidente da entidade, deu as boas-vindas a todos os presentes e destacou a importância da realização do encontro para contribuir no desenvolvimento de estratégias e ações que estejam de acordo com a realidade política e econômica atual bem como analisar formas de planejamento que permitam aproveitar as oportunidades resultantes de uma retomada das atividades ligadas à infraestrutura.

“Estamos cientes das grandes dificuldades que temos enfrentado nos últimos anos, quando empresas viram comprometidas suas atividades, negócios deixaram de ser efetuados, projetos ficaram engavetados e muitos empregos foram perdidos. Apesar de todo esse contexto desfavorável, acredito que todos nós, que temos uma jornada considerável e certa experiência no setor, sabemos que se há um segmento com ampla capacidade de reação é o da construção civil, principalmente o ramo ligado as grandes obras de infraestrutura”, afirmou Mamede.

Em seu discurso, o presidente da Sobratema apresentou a 10ª edição da M&T Expo, que assume importância especial por acontecer após as eleições presidenciais e estaduais. “É claro que não podemos prever o resultado das eleições, o máximo que podemos fazer é votar bem, e torcer para que nossos próximos governantes consigam fazer uma boa gestão e inserir o Brasil em uma rota de crescimento. Independentemente de quem for eleito, nós vamos realizar a nossa feira dentro de uma nova perspectiva, com novas expectativas e ânimos”, enfatizou.

Mamede ainda lembrou que a feira conta com uma trajetória de sucesso e que muitos expositores que confirmaram presença participam desde a primeira edição. “São empresas que, ano após ano, expandiram seu portfólio de produtos e serviços, ampliaram sua produção e fincaram os pés com força em nosso mercado”, disse o presidente da Sobratema, que ao final convidou a todos os presentes no Fórum de Infraestrutura para visitar a M&T Expo 2018. 

A primeira palestra do evento foi ministrada por Cadar Filho, da Brasinfra, que fez uma avaliação geral da área de infraestrutura, explicando que, atualmente, os investimentos – cerca de 1,7% do PIB – estão muito abaixo do necessário. “Nosso segmento é a locomotiva da economia do país. Não existe um aporte financeiro público ou privado se não há um mínimo de infraestrutura. Por exemplo, o agronegócio brasileiro tem obtido safras recorde ano após ano, porém para alcançar o máximo de rentabilidade, é necessário transporte e logística para escoar de maneira eficiente toda essa produção. Caso contrário, haverá muitas perdas. Por isso, digo que a economia é dependente da infraestrutura”. 

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a nação precisa investir 4,15% do Produto Interno Bruto (PIB) por aproximadamente duas décadas para modernizar a infraestrutura do país. “Em 1983, nosso setor valia cerca de 58% do PIB. Ano após ano, vimos uma queda neste percentual, chegando em 2017 a 35,9%. Isso significa que não estamos acompanhando o desenvolvimento de nosso país tanto em termos de investimentos como em modernização do que já está consolidado. Se continuar desta maneira, haverá um déficit ainda maior”, explanou o presidente da Brasinfra.

Em sua palestra, ele ainda mostrou as consequências da falta de investimento, apontou algumas ações “anti-infraestrutura” e entraves governamentais e apresentou ao público propostas para viabilizar os projetos, incluindo agenda de reformas, segurança jurídica, planejamento, linhas de financiamento e privatizações. “Enquanto não garantirmos a segurança jurídica, não conseguiremos atrair bons investimentos privados e/ou externos, que são extremamente necessários para destravar a atual situação que vivemos”. Sobre as privatizações, Cadar Filho, avaliou que essa é a saída. “O capital privado investe e tem um retorno melhor. Mas ainda há segmentos que precisam dos investimentos públicos”, ponderou. 

A segunda apresentação foi proferida pelo jornalista Kennedy Alencar, que analisou o atual cenário político, destacando o enfraquecimento do Governo Temer, após as delações premiadas do Grupo JBS, que culminou na não aprovação da reforma da Previdência. Ele ainda ponderou sobre a importância de haver um maior equilíbrio e respeito entre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – para não criar uma disfuncionalidade no país, onde não haja “freios e contrapesos” entre essas instâncias.

Alencar ainda trouxe uma avaliação sobre as eleições à Presidência da República, analisando a situação dos candidatos com maior chance de eleição: Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (REDE), além do PT. “Os candidatos que mais aparecem com indicação de votos são justamente aqueles que são contra o Governo”, afirmou o jornalista, que ressaltou a importância do futuro governo ter habilidade para realizar articulações políticas, a fim de aprovar reformas e programas. 

A última apresentação ficou a cargo da jornalista e economista Denise Campos de Toledo, que forneceu uma análise abrangente do atual cenário econômico, trazendo dados sobre as projeções do PIB (crescimento de 1,5%), inflação (IPCA 4,11%), taxa de juros (6,5%), produção industrial (3%) e dólar (R$ 3,70). Os investimentos gerais estão ao redor de 16% do PIB, já no caso da infraestrutura, o fluxo de recurso está em torno de 1,5% do PIB. E, nos últimos três anos, houve uma queda de recursos para a área de 9%, em 2015, 5%, em 2016, e 6%, em 2017. 

A jornalista apontou os fatores que travaram o desenvolvimento do país nos últimos anos, incluindo a recessão histórica, a crise política, a baixa confiança do empresariado, as denúncias ao Governo Temer, os desdobramentos da Lava-Jato, que implicaram na paralisação de investimentos e na recuperação das construtoras, as dificuldades da retomada do crescimento, o teto de gastos e os atrasos do programa de privatizações e concessões. “Nesse sentido, todos os governos demostraram a intenção de continuar com esses projetos porque, ao mesmo tempo em que traz recursos privados, reduz o custo do Estado em áreas fundamentais. Esse é o caminho para o próximo governo, desde que ele tenha articulação política para desenvolver o programa”, disse. 

Ela esclareceu ainda que o próximo governo enfrentará dificuldades na área econômica porque existem grandes desafios para equilibrar as contas públicas e isso poderá impactar nos investimentos e nos programas de concessões e privatizações. Ela ainda ressaltou a importância da infraestrutura para melhorar a competitividade brasileira. “Havia avaliações que um dólar mais alto seria importante para melhorar as exportações nacionais. Porém, essa realidade chegou e não fez diferença alguma, inclusive, trazendo mais problemas do que vantagens. Isso porque falta competitividade em nosso mercado, uma vez que o Brasil responde apenas por 1% da participação do comércio exterior. A infraestrutura precária aumenta os custos, resultando em perda de produção”.

Por fim, os participantes do Fórum de Infraestrutura 2018 também ouviram Denise sobre os grandes desafios estruturais no país: energia, transporte, logística e saneamento, e as estratégias para uma retomada das obras e projetos de infraestrutura paralisados no país, como a diminuição do Estado, segurança jurídica, mais eficiência das agências reguladoras, os acordos de leniência e um novo modelo de desenvolvimento.