Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 12 de março de 2021 por Mecânica de Comunicação

Projeto Moisés está mapeando cidades, universidades e startups disruptivas com projetos, ideias ou soluções para diminuir o impacto ambiental

A série BW Talks, uma iniciativa do Movimento BW, foi retomada com as informações sobre o Projeto Moisés, da Autonomy Investimentos, cuja proposta é mapear a legislação ambiental de 10 grandes cidades ocidentais, as pesquisas de 10 universidades dos Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Coreia do Sul e Japão e 20 startups disruptivas, que influenciarão tendências e mudanças no quesito de sustentabilidade no setor da construção.

“Em alguns meses, poderemos divulgar as iniciativas mais assertivas feitas no âmbito da legislação urbana e aquelas leis que tiveram boa intenção, mas não resultados. Nosso objetivo é contribuir com a sociedade e com os gestores públicos na definição de políticas de sustentabilidade, por meio do conhecimento sobre aquelas leis que deram certo, mostrando, ao mesmo tempo, as armadilhas”, disse o engenheiro Civil, Nelson Faversani Jr., Head e Diretor de Projetos e Obras da Autonomy Investimentos, durante o BW Talks Projeto Moisés: indo aos limites da inovação, promovido ontem, quinta-feira, dia 11 de março.

Como exemplo, ele citou Boston, nos Estados Unidos, que possui uma legislação tão rigorosa em termos de reforma de imóveis, que se tornou um impeditivo para os construtores, congelando o município no passado. Por outro lado, cidades como Munique e Berlim, na Alemanha, instalaram políticas de incentivo para premiar pessoas que contribuem para a diminuição do impacto ambiental.

O mapeamento das pesquisas nos centros universitários tem sido uma tarefa mais fácil, segundo Faversani Jr., porque os pesquisadores tornam público seus projetos. Contudo, ele ressaltou que, na academia, as ideias são mais embrionárias e conceituais, que podem resultar em uma inovação para o mercado em um prazo mais longo. Enquanto, as startups têm um objetivo diferente, com aplicações para se tornarem disponíveis mais celeremente.

Das 12 mil startups mapeadas, a Autonomy Investimentos reduziu o número para vinte, selecionando àquelas com inovações ligadas à sustentabilidade para o setor da construção. “Pudemos ver em nossa pesquisa, algumas soluções de mais fácil aplicação e outras que levarão um tempo maior para chegar ao mercado”, disse. Alguns desenvolvimentos vistos pelo engenheiro foram novos materiais, como o concreto biológico, que se autorregenera, e diferentes formas de gerar e armazenar energia, como o “power window”.

Outro ponto que chamou a atenção de Faversani Jr. foi a industrialização da construção elevada ao extremo, no qual o edifício é apenas montado no local, fazendo com que o canteiro de obras seja apenas um local para a montagem dos compartimentos feitos em fábrica.

Durante o BW Talks, o moderador Vagner Barbosa, um dos responsáveis pela promoção do Movimento BW, questionou o convidado sobre a questão da experiência do usuário. “Existe muita coisa nessa área, que vai permitir que cada pessoa viva uma experiência única e singular. Com a inteligência artificial, sensoriamento e conectividade, será possível fazer, por exemplo, que o ambiente construído reconheça a pessoa e proporcione experiências próprias”, disse o engenheiro, que exemplificou sua resposta pelo uso do elevador, que poderá alterar a música, a iluminação e sua velocidade a partir do reconhecimento do usuário.

Além do fator ambiental, de acordo com Faversani Jr., o entorno e a comunidade local também precisam ser bastante considerados, porque o empreendimento é parte da cidade e pode ser um motor de geração para o crescimento e a melhoria da qualidade de vida do entorno. Ele ainda lembrou que os edifícios são construções com um longo ciclo de vida e por isso a inovação é tão importante os empreendimentos permaneçam modernos mesmo após 30, 40 ou mais anos de sua construção.

Ao final, o engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), idealizadora do Movimento BW, ponderou que a engenharia vem evoluindo e a preocupação com o meio ambiente é uma realidade, por isso é necessário que se modifique a visão atual sobre o empreendimento. “Precisamos parar de enxergar apenas o valor da obra; mas perceber o valor da obra na sociedade, conhecendo o impacto de seu ciclo de vida. Caso contrário, paga-se barato pelo aparamento residencial ou sala/conjunto comercial, porém haverá um alto custo para manutenção do prédio pela forma como foi construído”.

Movimento BW

 O Movimento BW tem a proposta de difundir e debater os assuntos prioritários à sustentabilidade ambiental, com o intuito de contribuir para reduzir os impactos provocados pela atividade humana aos solos, no ar, no clima, nos recursos hídricos e nos diferentes biomas brasileiros.

Dessa forma, periodicamente promove eventos online com temas mais abrangentes (BW Talks) e de experiências mais práticas (BW Works), a fim de mostrar cases de sucesso de empresas e instituições e apresentar tecnologias, equipamentos, boas práticas, processos, sistemas e serviços que corroborem com a preservação ambiental.