Publicado em 02 de março de 2023 por Mecânica de Comunicação
A mobilidade urbana tem sido objeto de estudo por diversos autores. Essas discussões têm levado a uma ruptura na forma tradicional de realizar o planejamento de transportes. A mobilidade sustentável aparece como um novo paradigma, tornando-se um ponto chave de investigação e intervenção para governantes e outros atores interessados em promover metas de sustentabilidade.
A abordagem conhecida como predict and provide, por meio da qual as soluções geralmente fornecem a infraestrutura adicional necessária para acomodar o aumento previsto da demanda por viagens motorizadas, gerou uma série de problemas locais e globais. As externalidades causadas pelo uso irrestrito dos veículos motorizados impactam fortemente a qualidade de vida da população.
Um transporte mais eficiente, equitativo e ambientalmente sensível requer mudanças na forma de pensamento e na identificação e avaliação das soluções para os problemas de transporte. Nesse sentido, muitos governos tem investido nos sistemas voltados para os modos não motorizados. Um sistema de transporte que favorece a caminhada e ciclismo é fundamental para melhorar a qualidade do ar e os problemas de transporte de uma região, bem como para proporcionar melhores condições de vida a seus cidadãos.
São grandes os desafios para os dirigentes e gestores públicos do transporte no sentido de planejar políticas mitigadoras das externalidades negativas produzidas pelo transporte individual motorizado e planejar sistemas dentro dos conceitos do desenvolvimento sustentável. Entre os principais fatores associados ao planejamento e às políticas de mobilidade para influenciar na decisão de se locomover de bicicleta e a pé estão a disponibilidade de infraestrutura e de transporte público. Além disso, características como densidade populacional, conectividade da rede e uso misto do solo também estão relacionadas ao uso dos modos não motorizados.
Uma questão atual refere-se ao uso de aplicativos de celulares para compartilhar viagens, que vem alterando a mobilidade urbana das cidades, como é o caso do compartilhamento de bicicletas, carros e patinetes elétricos. A demanda reprimida de viagens urbanas tem atraído usuários, geralmente mais jovens e com maior nível de escolaridade, que algumas vezes, buscam evitar inconvenientes como procurar vaga de estacionamento e não poder ingerir bebida alcoólica antes de dirigir.
No entanto, no Brasil e no mundo, a regulamentação destes serviços oferecidos por aplicativos tem provocado uma ampla discussão na população, envolvendo especialistas, a mídia e o poder público. Essas competências também levam a um grande desafio, que é a gestão da mobilidade urbana para os diferentes contextos brasileiros, principalmente nas regiões metropolitanas. Nota-se que o sucesso de políticas e provimento de recursos federais aos municípios depende essencialmente da motivação e competência dos gestores municipais em estruturar propostas coerentes e passíveis de seleção.
No Brasil, existem alguns desafios a serem vencidos para o desenvolvimento urbano e planejamento da mobilidade. Entre eles podem ser citados o investimento em infraestrutura, crescimento do transporte individual e queda do transporte público, custeio da operação de transporte público e o envelhecimento da população.
A mobilidade sustentável tem um papel central a desempenhar no futuro das cidades, mas é somente através do entendimento e aceitação pela população que as medidas terão sucesso.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A mobilidade urbana sustentável no discurso de pesquisadores e decisores, defendida por Frank Alves Ferreira, na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, sob orientação do professor Antônio Nélson Rodrigues da Silva.
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