Publicado em 08 de maio de 2025 por Mecânica de Comunicação
Os resíduos gerados no tratamento de água são denominados lodo de ETA (Estação de Tratamento de Água) ou LETA. Em estações convencionais, 60 a 95% dos resíduos são retidos nos decantadores de água (ou flotadores) e a segunda parcela significativa encontra-se nos filtros rápidos. Em geral, o lodo é composto por água e sólidos suspensos originalmente contidos na água bruta, acrescidos de produtos resultantes dos reagentes aplicados durante o processo de tratamento.
Os constituintes desse resíduo podem incluir bactérias patogênicas e vírus, cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, partículas que geram turbidez, subprodutos de desinfecção, matéria orgânica natural, carbono orgânico total e assimilativo, compostos causadores de sabor e odor, compostos orgânicos sintéticos, manganês e ferro, arsênio ou outros componentes tóxicos, materiais radioativos e sais dissolvidos.
Entre os fatores que interferem nas características e na quantidade de resíduos gerados estão a qualidade da água bruta, o tipo e a dosagem de produtos químicos, o mecanismo de coagulação praticado, a eficiência da coagulação/floculação e o tipo de decantadores, aliados ao modo de operação e ao descarte do lodo. Em geral, de 0,2 a 5,0% do volume da água bruta que entra em uma estação de tratamento de água convencional torna-se lodo – a depender da técnica utilizada para sua remoção.
Para destinação adequada do lodo de ETA, faz-se necessário o seu tratamento, tendo em vista principalmente a retirada de água do resíduo a um nível que se permita facilitar o seu manuseio e reduzir os custos de transporte. Essa remoção é feita, usualmente, através das etapas de condicionamento, adensamento e desaguamento. A primeira consiste na utilização de polímeros catiônicos, aniônicos ou não aniônicos como condicionantes para que os sólidos coagulem e liberem a água adsorvida. Já o adensamento é uma técnica de separação sólido-líquido que pode ser realizada por gravidade, flotação ou mecanicamente, resultando em lodo com teor de sólidos totais por volta de 3%. Já o desaguamento produz lodo com cerca de 20% de sólidos e pode ser feito em lagoa, leito de secagem, centrífuga, esteira e filtros prensa.
O lançamento de lodo de ETA in natura em corpos hídricos promove impactos negativos que vão desde aspectos estéticos com incremento da cor e da turbidez da água até o assoreamento dos corpos hídricos. Além disso, pode resultar em diminuição da atividade fotossintética da flora aquática, devido à baixa penetração da luz, e da concentração de oxigênio dissolvido. As concentrações de ferro e alumínio podem se elevar, pois seus sais são comumente utilizados como coagulantes nas estações de tratamento.
Para melhorar a problemática relacionada ao lodo de ETA, existem alternativas como a recuperação de sulfato de alumínio, o encaminhamento para ETE ou aterro sanitário, a remoção de fósforo em efluente de ETE, a recuperação de áreas degradadas, a incorporação em material da construção civil – principalmente cerâmica vermelha, o revestimento rodoviário e a redução de produção de lodo.
Uma pesquisa em escala laboratorial avaliou a substituição de solo de wetland por lodo de ETA desidratado, visando à remoção de fósforo. Os resultados apontaram para um bioadsorvente promissor, o qual removeu o nutriente quatro vezes mais que o mesmo solo utilizado em wetland em operação na região do estudo. O lodo de ETA também vem sendo largamente estudado quanto a sua utilização na fabricação de peças cerâmicas, como substituto parcial da argila, além do uso em peças de concreto e em substituição ao agregado graúdo. Isso mostra que, com gestão adequada, o lodo pode promover impactos positivos, de modo a poupar recursos hídricos, solo, brita e fertilizantes.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Qualidade da água da sub-bacia do rio Poxim a montante e a jusante da captação da estação de tratamento de água, defendida por Taynar Mota de Jesus, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal de Sergipe, sob orientação da professora Denise Conceição de Gois Santos Michelan.
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