Publicado em 16 de outubro de 2025 por Mecânica de Comunicação
As cidades do século XXI contam com diversos desafios de ordem climática e ambiental que colocam em risco a manutenção da qualidade e da segurança do território habitado. Para a sociedade contemporânea e as futuras gerações sobreviverem às ameaças eminentes das mudanças do clima global, o habitat humano precisa se tornar mais sustentável, o que nos leva a modificar padrões que alteram o comportamento individual e coletivo das pessoas, de habitantes citadinos até aqueles que tem responsabilidade direta com o desenho e o planejamento do território urbano.
É compreendido que o urbanismo praticado nas cidades do século XXI deve contrapor o modelo de urbanização advindo de outras épocas. O modelo de cidade praticado até então produz um ecossistema urbano heterotrófico dependente de grandes áreas externas para a obtenção de energia, alimentos além de logística e investimento necessários para obter recursos como água potável, combustíveis, dentre outros.
A ocorrência frequente de desastres ambientais e os desastres previstos para os próximos anos por meio das mudanças do clima torna evidente a vulnerabilidade do ecossistema urbano atual. Dessa forma, se faz extremamente relevante analisar e colocar em prática planos que contribuam com aumento da capacidade de resiliência das cidades.
Os ecossistemas naturais são exemplos de resiliência e adaptação à situações adversas. Por isso, torna-se necessário o entendimento dos mecanismos de interação da natureza, sua relação com o território edificado e como a urbanização pode produzir espaços mais resilientes considerando os fragmentos de natureza
presentes na cidade. Os traçados urbanos devem ser adequados às condições singulares do clima e do território entendendo que cada situação geográfica deve gerar um urbanismo característico e diferenciado em cada localidade. Além disso, deve ser levado em consideração a proteção, a recuperação e o
aumento da biodiversidade ainda existente nos territórios urbanos.
Nesse sentido, a Infraestrutura Verde (IV) pode ser uma resposta à necessidade de um meio de conservação inteligente para direcionar estrategicamente as práticas de conservação ambiental, pois busca alinhar a necessidade da manutenção da biodiversidade com o desenvolvimento necessário às cidades. Além dos benefícios ecológicos que a IV urbana pretende proporcionar, o conceito incorporado ao planejamento urbano pode influenciar em melhorias econômicas, sociais e culturais para a cidade, pois tende a formar e desenvolver redes que podem ser usufruídas por ciclistas, pedestres e eventos que impulsionem o turismo local.
Assim, a infraestrutura verde urbana incluída nas diretrizes de ordenamento urbana pode induzir o padrão de desenvolvimento do território redirecionando a expansão urbana para áreas que sejam de maior interesse à qualidade de vida da cidade, resguardando assim, áreas de preservação ambiental que são frequentemente impactadas pelo avanço da especulação imobiliária.
Por fim, é de extrema importância a utilização de modelos analíticos detalhados que possibilitem a espacialização dos problemas ocorridos nas cidades e as oportunidades de ação para serem subsídio de ação e planejamento à planejadores urbanos. Esses modelos servem, da mesma forma, como ferramenta de convencimento de tomadores de decisão que ainda não conseguem compreender as problemáticas urbanas, seus impactos na qualidade de vida da cidade ou não visualizam possibilidades de boas intervenções.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Infraestrutura verde como instrumento estratégico de adaptação e aumento da resiliência urbana: estudo de caso em Belo Horizonte, MG, defendida por Isadora Carvalho Ferreira Buchala, no Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação da professora Eleonora Sad de Assis e coorientação do professor Wellington Lopes Assis.
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