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Publicado em 29 de maio de 2025 por Mecânica de Comunicação

Slow Fashion promove produção com menor impacto ambiental

A moda atinge setores diversos da economia e é responsável pelo desenvolvimento de identidades, gêneros e classes, expondo um complexo sistema. Ou seja, no decorrer dos séculos, a moda passou de um pleno símbolo de status para uma grande dirigente de impacto econômico e ambiental. Assim, após transitar pela alta costura e pelo prêt-à-porter no século XX, o negócio de moda evoluiu rapidamente para a produção em larga escala, ou em massa, modelo que caracteriza o mercado vigente.

Nos anos de 1990 o contexto socioeconômico e cultural propiciou o surgimento do Fast Fashion, que pode ser considerado como circuito curto ou Quick Response System, modelo de produção fordista, o qual se aplica à rede de abastecimento, em que a ideia principal é captar as vantagens da logística baseada no tempo, pelo que se faz necessário desenvolver sistemas de resposta rápida e eficaz ao mercado. Daí por que, esse modelo procura minimizar a dubiedade de demanda e ao mesmo tempo incrementar as vendas, fabricando produtos de ciclo de vida curto, no momento mais próximo possível de sua venda. Assim, as coleções de moda que se baseavam na sazonalidade das quatro coleções, passaram a distribuir ao longo do ano inúmeros lançamentos.

O mercado abriu porta para o consumo hedonista, centrado no estilo pessoal, popularizando e firmando a moda como acessível para a grande massa, numa perspectiva pretensamente democrática. Como consequência, o consumo efêmero também se expande, atingindo uma maior parte dos indivíduos que buscam por novidades constantes.

Em contrapartida, em meio a tanto excessos, a moda rápida trouxe consigo alguns problemas para o sistema produtivo e para o consumidor. O Fast Fashion enquadra-se no modelo de economia linear, no qual os produtos manufaturados a partir de matérias-primas da natureza são vendidos, utilizados e, depois, descartados como lixo, aumentando a acumulação de resíduos e a saturação dos recursos naturais.

As perdas vão além: o algodão é modificado, a mão de obra tem sua saúde e qualidade de vida afetada, o solo, o ar e todo o meio ambiente são agredidos pelo excessivo uso da terra, pelo excesso de fertilizantes químicos e pesticidas, pelos detritos de lavanderias, e também pelos descartes têxteis. A utilização descontrolada dos recursos naturais ocasionou grandes impactos no meio ambiente, como por exemplo, a devastação de florestas, chuvas ácidas, desertificação, aquecimento global, atmosfera poluída pela emissão de partículas tóxicas, diminuição das calotas polares.

Em contrapartida a esse movimento, o Slow Fashion, trazendo consigo a representação de uma nova visão para estimular o consumo consciente, o “feito-à-mão”, a cultura local e a ressignificação do design e do ciclo de vida dos produtos. A cadeia de produção da moda lenta se completa por meio da economia circular, cujos processos se assentam na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais, substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear por novos fluxos circulares em um processo integrado.

Nesse contexto, o Slow Fashion promove a produção com menor impacto ambiental, o que não significa, necessariamente, baixar a produtividade, mas melhorá-la, pensando na qualidade do produto, incentivando a reflexão e uma atitude de refreamento, em que o tempo é aliado no desenvolvimento de um produto, fomenta um estado mais elevado de percepção do processo de design e seus impactos sobre fluxos de recursos, trabalhadores, comunidades e ecossistemas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Moda, artesanato e imaginário social: o Slow fashion como potência simbólica na sociedade pós-moderna, defendida por Suellen Cristina Vieira, na Universidade do Sul de Santa Catarina, sob orientação da professora Heloisa Juncklaus Preis Moraes.