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Publicado em 15 de fevereiro de 2024 por Mecânica de Comunicação

Avaliação da sustentabilidade em benefício da agricultura familiar

As mudanças climáticas afetam fenômenos biológicos como o desenvolvimento de plantas, a migração de animais, o deslocamento de culturas e o comprometimento na produção de alimentos. Ainda, que a agricultura seja uma influente emissora de gases de efeito estufa, a atividade é igualmente vulnerável à mudança do clima. Entre as populações mais sujeitas as mudanças climáticas, os agricultores familiares são as mais vulneráveis, especialmente em regiões e grupos sociais mais empobrecidos, sendo fundamental a assistência e apoio do Estado e de políticas públicas neste processo de transição climática.

A agricultura familiar é responsável por parte significativa da produção de alimentos no país. Certamente, os prejuízos causados por eventos climáticos, crises e conflitos apresentam grandes ameaças à segurança alimentar do próprio agricultor e dos consumidores, não somente em relação ao abastecimento, mas em relação à qualidade e ao acesso a esses alimentos. Nesse sentido, com ocorrência de oscilações na produção, por diversas causas, supõe-se que o preço dos alimentos aumentaria, prejudicando o acesso à comida por parte das populações mais vulneráveis, bem como a mudança para uma maior ingestão de alimentos industrializados, ricos em gordura, açúcar, sal e de fácil acesso.

Ainda, a desestabilização dos meios de subsistência da agricultura familiar contribuem para o deslocamento e os fluxos migratórios. Esses deslocamentos, em sua maioria, resultam de modificações socioeconômicas nas estruturas familiares, principalmente agricultores familiares de baixa renda. Para esses grupos mais vulneráveis os impactos podem ser irreversíveis em suas famílias, os prejuízos na produção e os danos em unidades produtivas são alguns dos elementos que os impulsionam ao êxodo rural.

Sendo assim, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (2017) reforça que agricultores familiares devem adotar práticas sustentáveis em suas unidades produtivas, como o manejo sustentável da terra, água, silvicultura e empregar ações de adaptação às diversas mudanças. As suas atitudes preventivas podem determinar como moderar e recompor prejuízos pessoais e de suas unidades de produção.

Nesse sentido, uma das possíveis alternativas propostas estaria no desenvolvimento sustentável, uma estratégia que se contrapõe ao desenvolvimento meramente econômico ou mesmo a modernização da agricultura, incluindo práticas sociais e a proteção do meio ambiente como parte integrante nesse processo. Para tanto, a preservação do meio ambiente e as questões sociais deve estar no mesmo plano de importância de outros valores econômicos.

Especialmente no meio rural, os processos para avaliação da sustentabilidade assumem o importante papel de monitoramento, permitindo uma compreensão abrangente dos principais fatores sociais, econômicos e ambientais que impactam os meios de vida dos agricultores familiares. Desse modo, os indicadores são de suma importância para gerar dados para a avaliação e orientação de propostas para a sustentabilidade dos agroecossistemas. Para cada agroecossistema os indicadores devem ser escolhidos adequadamente para atender a realidade, constituindo um enfoque integrador das diversas dimensões. Nesse sentido, mediante o uso de indicadores é possível descrever ou valorar mudanças nas condições ambientais e na evolução das produções agrícolas. Além de viabilizar a tomada de decisões e promover ações corretivas.

Assim, o desenvolvimento sustentável implica na transformação da economia e da sociedade, uma vez que aumenta o potencial produtivo e também assegura a igualdade de oportunidades para todos.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Desenvolvimento sustentável na agricultura familiar: um estudo com base nos indicadores sociais, econômicos e ambientais, defendida por Caroline Viganó, no o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sob orientação do professor Marcio Gazolla e coorientação da professora Cristiane Maria Tonetto Godoy.