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Publicado em 03 de julho de 2025 por Mecânica de Comunicação

Vulnerabilidade socioambiental em Bacarena atrelada à erosão do solo

No decorrer da ocupação do território brasileiro, houve um equivocado movimento de fixação populacional em locais inapropriados, como as zonas costeiras, caracterizadas por conter solos frágeis, onde incontáveis casos de risco e vulnerabilidade socioambiental podem ser observadas, como demonstram estudos que tem como foco o direito de acesso à terra urbana, nas pesquisas sobre saúde, em avaliações das condições de saneamento e acesso ao sistema de saúde, e no âmbito urbano, destacando situações de vulnerabilidade.

No Brasil, a ocupação urbana exerce grave pressão no sistema natural, com grandes parcelas da população em localizações impróprias, com pouca ou nenhuma infraestrutura, com o agravante da mesma população muitas vezes não ter representatividade no contexto urbano, aumentando disparidades sociais, agravando a situação de vulnerabilidade nesses recortes espaciais, afetando as pessoas que os habitam.

As cidades Amazônicas sofreram e ainda sofrem com a urbanização desordenada, mais precisamente o município de Barcarena, no Pará, que exemplifica isso pois apesar de haver uma economia direcionada para o setor industrial, apresenta um índice populacional rural significativo, que se aloca em torno do distrito industrial e, como reflexo, vivencia uma série de transformações relacionadas à modernização do espaço. Entretanto, neste processo não foram considerados a população tradicional e os costumes locais.

Desde os anos 1980, Bacarena recebeu grandes projetos de portos para exportação de alumina, de gado vivo, soja, indústrias de beneficiamento de bauxita e de caulim, infraestruturas como estradas, linhões e minerodutos, com forte presença de multinacionais.

A população de Barcarena sofre ao longo de décadas com uma série eventos socioambientais adversos como vazamento de óleo, caulim, naufrágio na vila do Conde, descarga irregular de efluentes como os igarapés Curuperé e Dendê, o que prejudica severamente a biota aquática e a potabilidade da água consumida pela população, além do extrativismo local. Ou seja, o ciclo da pobreza alimenta o da degradação ambiental e estes se retroalimentam em um ciclo vicioso, tornando a situação da vulnerabilidade socioambiental um terreno propício para sinergia de impactos negativos.

No caso do solo, a erosão é um dos principais processos envolvidos na degradação, o que desencadeia e até mesmo acentua problemáticas de cunhos tanto ambientais quanto sociais. O solo é a base para o desenvolvimento econômico, e estrutura natural base aos ciclos biogeoquímicos, visto que os processos ambientais estão diretamente ligados à qualidade do solo, biodiversidade, poder econômico, infraestrutura e saúde pública.

Neste contexto, existem fatores naturais de grande influência na erosão dos solos, tal como a pluviometria. O volume e a velocidade das chuvas dependem da intensidade, duração e frequência. A distribuição das chuvas, principalmente, e seu volume anual, caracterizam a influência do regime pluviométrico, que depende da intensidade, frequência, quantidade e duração das chuvas. A cobertura vegetal, que protege o solo da erosão por apresentar proteção direta contra o impacto das gotas de chuva e melhoramento da estrutura do solo pela adição de matéria orgânica. A geomorfologia do terreno influencia tanto na velocidade como no volume de água da enxurrada. Quanto maior o declive, maior a velocidade e o volume da enxurrada, provocando maior erosão.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Vulnerabilidade socioambiental relacionada à erosão do solo em Barcarena-PA, defendida por Stephanie Jael Negrão de Freitas, no Pós-Graduação em Ciências Ambientais, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, sob orientação da professora Márcia Aparecida da Silva Pimentel.