Associação Brasileira de Tecnologia
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Publicado em 28 de julho de 2022 por Mecânica de Comunicação

Propostas para a reabilitação de uma área contaminada adequadas à realidade brasileira

A investigação é a etapa essencial do processo de reabilitação de uma área contaminada. As remediações são processos caros e demorados, e seu sucesso está intimamente ligado à elaboração de um Modelo Conceitual da Área (MCA) adequado. A elaboração desse MCA requer um diagnóstico a respeito da localização tridimensional da massa de contaminantes e, principalmente, da sua interação com o meio físico. Esse diagnóstico só poderá ser feito com uma investigação que forneça dados representativos, tanto da contaminação quanto do meio físico, em escala adequada, que subsidiem tomadas de decisão.

Essa investigação, em países como Canadá, EUA, Alemanha e outros, normalmente é conduzida utilizando técnicas qualitativas, de aquisição de dados em tempo real, em escala de detalhe, utilizadas em conjunto com técnicas quantitativas de amostragem e análises químicas de solo, água e ar do solo, muitas vezes no próprio campo. Porém, o uso de equipamentos com alta tecnologia embarcada ainda tem um custo (financeiro, operacional, logístico e de mão-de-obra) muito elevado no Brasil.

As condições ambientais brasileiras (clima, temperatura, solos, geologia) são consideravelmente diferentes das condições dos países do hemisfério norte. É necessário, portanto, que se tenha uma abordagem adequada de investigação, e que essa abordagem seja adequada à realidade brasileira, ou seja, que incorpore as condições ambientais nacionais e também que permita o uso de equipamentos que deem as respostas necessárias a um custo acessível, com menos tecnologia importada, ainda que isso leve a uma perda de resolução dos dados.

A tese de doutoradoContribuição para investigação de áreas contaminadas com abordagem de alta resolução,defendida por Marcos Tanaka Riyis,na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,sob orientação do professor Heraldo Luiz Giacheti, apresentou uma abordagem para investigação de uma área contaminada, considerando a identificação das fontes de contaminação.

A Amostragem de Solo de Perfil Completo (ASPC) permite identificar, delimitar e caracterizar as unidades hidroestratigráficas, ao mesmo tempo em que é feita a varredura vertical de Substâncias Químicas de Interesse (SQIs) e são coletadas e preservadas amostras de solo para análises quantitativas.

Para a varredura vertical de SQIs, foram avaliadas duas técnicas que precisam ser utilizadas em conjunto com a ASPC para funcionar adequadamente: a Caixa Preta de Luz UV-A e a Varredura Vertical de VOCs com Aquecimento em Campo (VVVAC). A primeira foi eficiente na identificação de hidrocarboneto em fase líquida imiscível (NAPL). Por ser combinada com a ASPC, tem a grande vantagem de fornecer dados do meio físico e permitir a obtenção de dados quantitativos das concentrações (ambas por meio das amostras de solo) concomitantemente.

A segunda técnica é indicada para Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), e funciona como uma alternativa ao Membrane Interface Probe (MIP), que tem muita tecnologia embarcada, portanto, tem um custo de aquisição e de manutenção muito elevados, tornando custosa a sua utilização no Brasil.

Após as unidades hidroestratigráficas (UH) mais relevantes serem definidas e delimitadas e realizada a varredura vertical junto da ASPC, é necessário refinar o entendimento das UH e coletar amostras representativas de água subterrânea nas UH que forem zonas preferenciais de fluxo. A amostra será representativa se o ponto de captação estiver posicionado somente na unidade hidroestratigráfica de interesse, sem misturas de diferentes UHs. A abordagem que atende esses requisitos foi o Perfilador Vertical do Aquífero (PVA), que apresentou duas vantagens importantes: permite a coleta de amostras representativas em mais de uma profundidade de interesse; e fornece informações em nível de detalhe da variação das unidades hidroestratigráficas no mesmo ensaio em que ocorre a amostragem de água.